quarta-feira, 27 de fevereiro de 2008

Teu Encanto

Filme ganhador de Oscar
Peça com teatro cheio
Concerto com músicos brilhantes

Atriz consagrada
Roteiro escrito com inspiração
Canção inebriante

Romance que faz chorar
Filosofia que nos levanta
Poesia que diga isso tudo

Não são capazes de me encantar como tu.

quarta-feira, 20 de fevereiro de 2008

Clímax Adiado

Estava a conversar com os amigos quando se lembrou de que talvez já estivesse na hora. Desviou com destreza os ouvidos das alheias vozes retumbantes que estavam prestes a dar início à batalha de flautas. Se antes estava excitado para assistir ao embate musical, agora se tornara indiferente ao que se mostrava ao seu redor. Olhou então para o relógio, e os ponteiros lhe disseram que ela já deveria ter chegado há um pouco mais de quinze minutos. A alegria tremeu nele, contava com a companhia dela desde a sexta passada, agora lhe vinha à dúvida se ela realmente apareceria, parecia que não. Voltou então sua atenção menos atenciosa ao já iniciado duelo, três quartos da sua atenção fora embora com a dúvida metamorfoseada de certeza insossa.

Foi então no meio da sua certeza amarga que um toque de celular fê-lo balançar, e ao ver o nome estampado no visor sem graça do aparelho a dúvida aflorava cada vez mais. Como se tivesse tempo para criar situações, ele imaginou que ou a ligação serviria para indicar a certeza de a pouco ou teria como conseqüência o triunfante retorno da expectativa com a qual tinha adormecido na noite anterior. Atendeu, e numa frase rápida vinda do outro lado da linha, voltou ao seu estado de apreensão e nervosismo. Ela viria, acabara de falar com a doce voz que a fosse esperar no portão.

Disse aos amigos que iria esperar alguém e que já voltava. Chegou ao portão, ele já sabia que ela ainda não estava lá, lógico, ela ainda não poderia ter chegado. Deitou-se na larga divisória do jardim, ligou seu tocador de músicas e pôs os fones, deixou que os olhos fechassem e ficou apreciando o momento angustiante da espera, mas era uma espera certa, ela chegaria, e não iria demorar muito. Não reparou no tempo exato que ficara ali esperando, quem sabe uns dez ou quinze minutos, com constantes e rápidas espiadas pelo canto do olho, para se certificar que ela ainda não chegara, e foi em uma dessas flexíveis conferidas que ele a viu passando pelo portão e parando ao seu lado. Ele sorriu e se levantou, o sorriso dela já estava estampado no rosto desde que o vira. Cumprimentaram-se verbalmente de modo rápido e se abraçaram fortemente. Falaram qualquer coisa, fizeram um laço com os braços e juntos caminharam até o local onde todos os outros estavam.

Ela cumprimentou todos, ou quase, sentou-se na mesa e ficou a dar atenção aos novos companheiros. Ele sentou-se ao seu lado e sem nem perceberem já estavam bastante próximos, o lado esquerdo dele com o direito dela colavam-se e os dois passaram a conversar mais entre si, mas sem deixar ninguém de fora e sem ficar de fora. Foi então quando a aclamada chegou. Os violões passaram a vibrar suas cordas mais fortemente, as flautas a desafinar com mais freqüência e as vozes a quererem se fazer mais presentes.

Os dois sabiam muito bem o que queriam, antes mesmo de ela atravessar as barras de ferro do portão. Ele tinha plena noção de que ela sabia dos seus interesses e de que os dela eram os mesmos, e a convicção dela não era diferente. Abraçaram-se um pouco de lado, e então ele começou a utilizar o seu olfato para compreender aquela essência que vinha dos seus negros cabelos, enquanto seus lábios percorriam com extrema delicadeza o pescoço suave dela, subindo depois em direção à orelha pronta para ser levemente tocada.

Ambos de olhos fechados, como se também pudessem fechar os ouvidos para barrar o inexorável barulho das vozes já alteradas, as quais procuravam acompanhavar as notas desafinadas que eram empurradas instrumentos a fora, aproveitavam o momento que se fizera como o melhor. Seus rostos colados face-a-face já ensaiavam uma dança, e o próximo passo era deslizar suas faces mutuamente. Depois de ensaiarem em suas mentes, começaram a executar com cautela e precisão o movimento predecessor ao clímax do espetáculo. Tudo ocorria com a magia e a cautela necessária, que mostravam que o ápice de tudo estava no círculo da certeza. E nesse momento, justamente nesse momento, a barreira de silencio que os envolvia foi rompida por sons estridentes que não sabem permanecer no limite da conveniência. A certeza que existia em ambos deu lugar à incerteza, a expectativa cresceu e com isso o esperado clímax não chegou naquele momento, mas foi adiado para que nada fosse apressado, mas sim para que fosse meticulosamente apaixonante.

sábado, 2 de fevereiro de 2008

Ausência Presente

Quero tua presença em-si
Em mim
A tua presença física e mental
Ambas em uma
Ambas sendo uma

Não quero a presença da tua ausênsia
Aquela que não é, mas se mostra presente
Pra depois, no reencontro,
tornar tua presença ainda mais presente

Esta presença da tua ausência
A que chamam de saudade
Me corroe... está corroendo
Mas é para que, de presente,
Faça tua forma comigo presente

Apesar de não querer tua ausência presente
Suporto esta saudade
Pra que todo prometido se concretize
E a gente se realize